20/08/2007

Poeta

Que o mar seja blue jeans
Que o verde seja em Palmeiras
Que a música seja Guita
Que o JW seja envelhecido
Que o dourado seja do Hilton
Que o molho seja vermelho
E o feijão seja preto
Que os decibéis ultrapassem os limites
E jamais haja berinjelas
Que a vida seja longa
Os anos infinitos
A saúde perfeita
A areia branca a mostrar os rastros
Sempre em pares
O vento seja uma brisa
O sol ameno
E a lua brilhe e derrame seu orvalho por toda a noite

Que nunca falte o pão
E a água seja fresca
O café forte e doce, sagrado
De hora em hora
A cadeira seja macia
No Cantinho a conversar

Que a branca espuma
Cubra os pés descalços na areia
A ver o mar – Ah, o mar!
Que as letras tenham alma
Metáforas incontidas
E o Poeta nunca se cale
Mesmo sem nada a dizer
Mesmo que se negue a falar
Que verta suas letras
No cerne da alma

Que a paz seja infinita
Que as cores se espalhem
E a esperança seja eterna
Nesta vida
Em outras vidas
Os encontros marcados
(dez) marcados
desencontrados
mas mesas dos bares
nos copos do café
nas estações da vida

que os caminhos sejam fáceis
as pedras pequenas
o frio seja de primavera
e a água sempre ali, a lavar os pés
a matar a sede
a lavar a pele
a refrescar e mente
que seja, mesmo que alucinadamente,
a epiderme da vida

O presente, sem adereços
A futuro, a espera
O dia alerta – o dia inteiro – o dia verdadeiro
O dia do poeta
Que as estrelas brilhem
Que o céu se encante
E nada te espante
No dia que é só seu!